quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O passe, um estudo I

         O autor Herculano Pires sempre foi um polemista, defensor incansável de suas idéias e não poupou nem mesmo seus amigos de críticas, lembremos seu livro A pedra e o joio onde procura corrigir o que considerava errôneo no trabalho de Hernani Guimarães Andrade sobre o modelo organizador biológico, sempre com o intuito de preservar a pureza doutrinária do movimento espírita. Foi portanto com muito respeito por seu trabalho, que julgamos digno de nota, e também com muita surpresa que nos deparamos com seu livreto Obsessão o passe a doutrinação, pois como sempre, não foi econômico na dureza da crítica, devemos, pois, estudá-lo com o rigor que lhe é devido. Vejamos...

O passe
Suas origens, aplicações e efeitos
O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer.

Desde as origens da vida humana na Terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanhados de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo a mistura de saliva e terra para aplicação no doente (resíduo do rito do barro). No próprio Evangelho vemos a descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas influência de costumes religiosos da época. Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo. Essas incoerências históricas, como advertiu Kardec, não podem provir dele, mas dos evangelistas. Caso contrário Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.

O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado já há muito superado. Os Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações. (obsessão o passe a doutrinação J. Herculano Pires).

Como podemos ver, teremos muito trabalho! (continua...)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Rubáiyat de Omar Khayyam IV

Lâmpadas que se apagam,
esperanças que se acendem:
Aurora.
Lâmpadas que se acendem,
esperanças que se apagam:
Noite.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A pineal e a mediunidade VII

André Luiz, em Missionários da Luz (caps. I e  II) faz várias afirmações sob a pineal. Mas se fizermos uma leitura destas afirmações  sob uma ótica orgânica, como antes era afirmado, não fazem o menor sentido. No entanto, se lermos sob a ótica de Kardec, isto é, a mediunidade é uma faculdade espiritual e tem como órgão responsável o perispírito, passam a  ser entendidas em sua plenitude. Analisemos:
        
1– “O que representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos”.

     Se a glândula pineal citada acima fosse a do corpo físico teria se originado juntamente com o organismo, e assim:
Como se reajustaria ao corpo se nunca saiu dele? 

Para se reajustar ao organismo deveria ter-se ajustado antes! Ou seja, deveria ter existência anterior à do corpo físico atual!

Mas se for a glândula pineal do corpo espiritual (perispírito), seria anterior e modelaria a glândula do corpo físico, portanto se reajustando a ele!
  
Vejamos o prefácio de Emanuel em “Missionários da Luz”:

“É por este motivo, leitor amigo, que André Luiz vem, uma vez mais, ao teu encontro, para dizer-te algo do serviço divino dos "Missionários da Luz", esclarecendo, ainda, que o homem é um Espírito Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre, que o perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou”.

Como pudemos ver “o perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais” aliás afirmação concordante com os ensinos de Kardec:

39. O Espiritismo experimental estudou as propriedades dos fluidos espirituais e a ação deles sobre a matéria. Demonstrou a existência do perispírito, suspeitado desde a antigüidade e designado por S. Paulo sob o nome de corpo espiritual, isto é, corpo fluídico da alma, depois da destruição do corpo tangível. Sabe-se hoje que esse invólucro é inseparável da alma, forma um dos elementos constitutivos do ser humano, é o veículo da transmissão do pensamento e, durante a vida do corpo, serve de laço entre o Espírito e a matéria. O perispírito representa importantíssimo papel no organismo e numa multidão de afecções, que se ligam à fisiologia, assim como à psicologia.
40. O estudo das propriedades do perispírito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então, por falta de conhecimento da lei que os rege — fenômenos negados pelo materialismo, por se prenderem à espiritualidade, e qualificados como milagres ou sortilégios por outras crenças. Tais são, entre muitos, os fenômenos da vista dupla, da visão a distância, do sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psíquicos da catalepsia e da letargia, da presciência, dos pressentimentos, das aparições, das transfigurações, da transmissão do pensamento, da fascinação, das curas instantâneas, das obsessões e possessões, etc. Demonstrando que esses fenômenos repousam em leis naturais, como os fenômenos elétricos, e em que condições normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições. Se faz se creia na possibilidade de certas coisas consideradas por alguns como quiméricas, também impede que se creia em muitas outras, das quais ele demonstra a impossibilidade e a irracionalidade.(A Gênese; cap.1 Caráter da revelação espírita).
  
2– “Ela preside aos fenômenos nervosos da  emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento d alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras, de que a criatura se acha investida”.

     Mais uma referência à natureza perispiritual !
É literal a afirmação: “Ela preside aos fenômenos nervosos da  emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo”.
  
3– “Ligada à mente, através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade”.
“As redes nervosas constituem-lhe os fios telegráficos para ordens imediatas a todos os departamentos celulares, e sob sua direção efetuam-se os suprimentos de energias psíquicas a todos os armazéns autônomos dos órgãos”.

     Novamente, de acordo com Kardec, esta é uma função do perispírito:

“O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico”.(A Gênese. Cap. XI, Gênese espiritual).
  
4- “Segregando ‘unidades-força’, pode ser comparada a poderosa usina, que deve ser aproveitada e controlada, no serviço de iluminação, refinamento e benefício da personalidade e não relaxada em gasto excessivo do suprimento psíquico, nas emoções de baixa classe.”

“São muito raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema do aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra da substância e sim a substância em si mesma”.
  
     Como visto acima o sentido pleno dos apontamentos de André Luiz só podem ser alcançados se considerarmos a origem perispiritual da glândula em questão (pineal ou epífise).

     Assim sendo Kardec e André Luiz estão em concordância em suas opiniões, nós é que devemos rever nossas interpretações!

    Muitas das nossas interpretações são pseudo-científicas ou místicas, causando graves consequências para a divulgação da doutrina espírita e para a manutenção de sua pureza doutrinária!










A pineal e a mediunidade VI

De acordo com a postagem anterior, onde deixamos ao leitor a tarefa de encontrar a correção da equívoca interpretação de ser a pineal (epífise) o órgão da mediunidade, devemos ler com muita atenção o destacado trecho, sem nos esquecermos do objetivo do capítulo (capítulo 1, “O psicógrafo”) que é a descrição, sob o ponto de vista espiritual, do fenômeno mediúnico.

André Luiz se encontra sob a orientação do Instrutor Alexandre, que possibilita a André “auxílio magnético” para a observação acurada do que ocorre durante o exercício mediúnico. Relembremos:

“E, ante minha profunda curiosidade científica, o orientador ofereceu-me o auxílio magnético de sua personalidade vigorosa e passei a observar, no corpo do intermediário, grande laboratório de forças vibrantes. Meu poder de apreensão visual superara os raios X, com características muito mais aperfeiçoadas”.

A observação de André Luiz se fixa nas glândulas, e mais particularmente no cérebro do médium. Vejamos:

“As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular.”

Mas a observação se refere ao que nós encarnados não podemos perceber, André Luiz reporta a atividade e a dinâmica de “energias” e de “luzes” recônditas e “imponderáveis”. Confirmemos:

Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos”.

Neste momento é que o Instrutor Alexandre toma a palavra para as explicações necessárias:

“- Observação perfeita? - indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. - Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana - continuou -, demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático... Requer muita compreensão, oportunidade e consciência”.

Passa a dar explicações sobre o que é necessário para que o médium possa desempenhar a tarefa a contento:

“- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante”. “Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa”.

         E, finalmente, nos dá a saída para o  entendimento completo da questão:
         André Luiz tem opinião contrária a de Kardec ao afirmar que a pineal (epífise) é o órgão da mediunidade, sendo que o codificador da doutrina espírita afirma ser o perispírito o órgão da mediunidade? Vejamos:


“Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica”.

Aí está! Durante todo o tempo André Luiz e Alexandre estavam descrevendo o funcionamento do corpo perispiritual, portanto, sem nenhuma discrepância da opinião de Allan Kardec! Todo o texto agora faz sentido e pode ser entendido de maneira clara. Mais além, no mesmo capítulo temos ainda:


“Nesse instante, vi que o médium parecia quase desencarnado. Suas expressões grosseiras, de carne, haviam desaparecido ao meu olhar, tamanha a intensidade da luz que o cercava, oriunda de seus centros perispirituais”.

“Após longo intervalo, Alexandre continuou”:
“- Sob nossa apreciação, não temos o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas, mas outra expressão mais significativa do homem imortal, filho do Deus Eterno. Repare, nesta anatomia nova, a glória de cada unidade minúscula do corpo. Cada célula é um motor elétrico que necessita de combustível para funcionar, viver e servir”.

Tão claro como água pura! Eles (André Luiz e Alexandre) apreciam, observam, não “o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas”, mas sim o perispírito em plena atividade!

Agora podemos entender as observações feitas sobre a pineal, relembremos...


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A pineal e a mediunidade V

Como podemos ver, as inúmeras citações que encontramos de André Luiz, sempre nos remetem á importância crucial da pineal (epífise), no fenômeno mediúnico, afirmando inclusive ser na  glândula a  residência da faculdade mediúnica, portanto, contradizendo Kardec, que, voltamos a afirmar, a localiza no perispírito.

André Luiz ainda se refere à luz emanante da glândula, fato que só pode ser observado pela clarividência (ou vidência mediúnica), sendo impossível, ao menos por enquanto, comprovação científica, vale a pena lermos a opinião do Dr. Núbor Facure à respeito:

“Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrarmos suas trocas metabólicas, identificamos as secreções dos humores e a transmissão dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes e como atuam, são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica. Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda extensão desse fenômeno que chamamos de “psicofísico de natureza espiritual”. Pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.” (“Fenômenos Psico-Físicos de Natureza Espiritual” in Portal TERRA ESPIRITUAL em 26/06/205).

Ainda podemos encontrar em “Do Sistema Nervoso à Mediunidade”, do Dr. Ary Lex, uma importante observação:

“ Citarei alguns desses ensinos, embora pessoalmente não os aceite: a pineal é a glândula da vida espiritual. Controla o campo emotivo e é importante na experiência sexual. Regula a evolução sexual. Começa a funcionar na puberdade, aos 14 anos, mais ou menos. Reabre o mundo das sensações e das emoções. O adolescente muda a personalidade, pois reabre a pineal e vem a carga emocional das vidas passadas. Segrega hormônios psíquicos ou unidades força. É a glândula superior, que comanda todas as outras. Comanda as forças sub-conscientes, sob a ação da vontade.”
         “Não concordamos com essas afirmações, porque a maioria delas, embora atraentes, não oferece qualquer possibilidade de prova científica. O próprio conceito de hormônio psíquico é contraditório. Hormônio é algo material, isolado quimicamente, que se pode pesar, dosar e administrar em quantidades palpáveis. As coisas do campo psíquico não têm existência material. Falar em hormônio psíquico é uma liberalidade de conceituação não-aconselhável”.

         Como podemos ver a opinião de cientistas sérios como os citados acima nos fazem pensar se André Luiz estaria de fato correto em suas afirmações.

         O problema é que nós não fizemos uma correta leitura de André Luiz! Se retornarmos ao livro “Missionários da Luz”, no capítulo 1, “O psicógrafo”, encontraremos a resposta de tamanha confusão:

- Observe. Estamos diante do psicógrafo comum. Antes do trabalho a que se submete, neste momento, nossos auxiliares já lhe prepararam as possibilidades para que não se lhe perturbe a saúde física. A transmissão da mensagem não será simplesmente «tomar a mão». Há processos intrincados, complexos”.

“E, ante minha profunda curiosidade científica, o orientador ofereceu-me o auxílio magnético de sua personalidade vigorosa e passei a observar, no corpo do intermediário, grande laboratório de forças vibrantes. Meu poder de apreensão visual superara os raios X, com características muito mais aperfeiçoadas. As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular. Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos”.

“- Observação perfeita? - indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. - Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana - continuou -, demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático...”
“Requer muita compreensão, oportunidade e consciência.”
“Estava admirado.”
“- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado
receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante”.

“Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa. Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.”

         Conseguiram perceber o equívoco?...

Rubáiyat de Omar Khayyam III

Ó cosmos,
não me agrada
essa tua rotação.
Giras, giras, 
vives girando 
e nada te faz sair dessa órbita rotineira.


Peço-te, 
liberta-me de uma vez, 
anseio pela liberdade,
salva-me da tirania!


Nada fiz
para viver submetido aos hipócritas,
sujeito
aos empresários de fantasmas.


Se proteges os degenerados,
se acolhes os que espezinham a virtude,
os exploradores da credulidade alheia, confesso-te:
longe estou eu de ser
um paradigma de equilíbrio e de juízo...

A pineal e a mediunidade IV

Como vimos anteriormente, Kardec afirma:

“Em nossa opinião seria erro considerar o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, considerando-se que não passam de dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma e tem por órgão o perispírito, cuja irradiação transporta a percepção além dos limites da ação dos sentidos materiais. A bem dizer é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual”. (O sentido espiritual, Revista Espírita, junho de 1867).

         Sendo assim como entenderemos as afirmações, que André Luiz faz sobre a pineal (epífise) em “Missionários da Luz”? Onde o autor afirma :

“No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária”. (Missionários da Luz, cap. I “O psicógrafo”, pág 8).

         Mais uma contradição?

         E não é só, vejamos:

“Enquanto o nosso companheiro se aproveitava da organização mediúnica, vali-me das forças magnéticas que o instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium. Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber. A glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e, em derredor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“Sobre o núcleo, semelhante agora à flor resplandecente, caía luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo vibrações delicadíssimas, imperceptíveis para mim. Estudara a função da epífise nos meus apagados serviços de médico terrestre. Segundo os orientadores clássicos, circunscreviam-se suas atribuições ao controle sexual no período infantil. Não passava de velador dos instintos, até que as rodas da experiência sexual pudessem deslizar com regularidade, pelos caminhos da vida humana. Depois, decrescia em força, relaxava-se, quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no campo da energia plena. Minhas observações, ali, entretanto, contrastavam com as definições dos círculos oficiais”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

- Não se trata de órgão morto, segundo velhas suposições - prosseguiu ele. - É a glândula da vida mental. Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. O neurologista comum não a conhece bem. O psiquiatra devassar-lhe-á, mais tarde, os segredos. Os psicólogos vulgares ignoram-na. Freud interpretou-lhe o desvio, quando exagerou a influenciação da «libido», no estudo da indisciplina congênita da Humanidade. Enquanto no período do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto, há que retificar observações. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- Deus meu! - exclamei - e as glândulas genitais, onde ficam?
O instrutor sorriu e esclareceu:
- São demasiadamente mecânicas, para guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente controladas pelo potencial magnético de que a epífise é a fonte fundamental. As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. Os cromossomos da bolsa seminal não lhe escapam a influenciação (sic) absoluta e determinada”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- No entanto, não estamos examinando problemas de embriologia. Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epífise, como glândula da vida espiritual do homem”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- Compreende, agora, as funções da epífise no crescimento mental do homem e no enriquecimento dos valores da alma? - indagou-me o orientador”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.12).

“- De acordo com as nossas observações, a função da epífise na vida mental é muito importante”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.12).

Como podemos notar temos algumas observações de fato intrigantes:
1-     É nela, na epífise, que reside o sentido novo (mediunidade) dos homens.
2-     Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber.
3-     Minhas observações, ali, entretanto, contrastavam com as definições dos círculos oficiais.
4-     É a glândula da vida mental.
5-     As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras.
6-     Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epífise, como glândula da vida espiritual do homem.
7-     A função da epífise na vida mental é muito importante.

Seria possível estabelecermos concordância entre André Luiz e Allan Kardec?

Veremos que sim...

domingo, 28 de novembro de 2010

A Pineal e a Mediunidade III

 Dando continuidade ao nosso estudo sobre a pineal, verificamos que há uma recorrente e estranha insistência em se relacionar pineal à doutrina espírita, muito embora não haja, na obra de Kardec, referência à esta glândula, já que para Kardec a mediunidade seria uma faculdade espiritual, tendo como órgão o perispírito, como visto anteriormente. Assim sendo, soa-nos com muita estranheza esta relação. Mas vejamos da página http://pt.wikipedia.org/wiki/ Gl%C3%A2ndula_pineal:

Os defensores destas capacidades transcendentais deste órgão, consideram-no como uma antena. A glândula pineal tem na sua constituição cristais de apatita. Segundo esta teoria, estes cristais vibram conforme as ondas eletromagnéticas que captassem, o que explicaria a regulação do ciclo menstrual conforme as fases da lua, ou a orientação de uma andorinha em suas migrações. No ser humano, seria capaz de interagir com outras áreas do cérebro como o córtex cerebral, por exemplo, que seria capaz de decodificar essas informações. Já nos outros animais, essa interação seria menos desenvolvida. Esta teoria pretende explicar fenômenos paranormais como a clarividência, a telepatia e a mediunidade.”

         Percebemos uma destoante linha de pensamento com relação à doutrina espírita, pois, como podemos ver:
O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.”

“19. Acusam-no de parentesco com a magia e a feitiçaria; porém, esquecem que a Astronomia tem por irmã mais velha a Astrologia judiciária, ainda não muito distante de nós; que a Química é filha da Alquimia, com a qual nenhum homem sensato ousaria hoje ocupar-se. Ninguém nega, entretanto, que na Astrologia e na Alquimia estivesse o gérmen das verdades de que saíram as ciências atuais.”
“Apesar das suas ridículas fórmulas, a Alquimia encaminhou a descoberta dos corpos simples e da lei das afinidades”.
“A Astrologia se apoiava na posição e no movimento dos astros, que ela estudara; mas, na ignorância das verdadeiras leis que regem o mecanismo do Universo, os astros eram, para o vulgo, seres misteriosos, aos quais a superstição atribuía uma influência moral e um sentido revelador. Quando Galileu, Newton e Kepler tornaram conhecidas essas leis, quando o telescópio rasgou o véu e mergulhou nas profundezas do espaço um olhar que algumas criaturas acharam indiscreto, os planetas apareceram como simples mundos semelhantes ao nosso e todo o castelo do maravilhoso desmoronou”.

“O mesmo se dá com o Espiritismo, relativamente à magia e à feitiçaria, que se apoiavam também na manifestação dos Espíritos, como a Astrologia no movimento dos astros; mas, ignorantes das leis que regem o mundo espiritual, misturavam, com essas relações, práticas e crenças ridículas, com as quais o moderno Espiritismo, fruto da experiência e da observação, acabou. Certamente, a distância que separa o Espiritismo da magia e da feitiçaria é maior do que a que existe entre a Astronomia e a Astrologia, a Química e a Alquimia. Confundi-las é provar que de nenhuma se sabe patavina”.(A Gênese. cap.I, Caráter da Revelação espírita, item 18/19).

         Como podemos ver Kardec é muito claro com relação ao seu respeito pelas ciências naturais, e quanto ao contexto da atuação da doutrina espírita, isto é,  ao elemento espiritual, e  associar afirmações como as do texto, fere um dos pilares fundamentais da doutrina espírita, o bom senso:
“Os defensores destas capacidades transcendentais deste órgão”.
“consideram-no como uma antena”
 “Segundo esta teoria, estes cristais vibram conforme as ondas eletromagnéticas que captassem”.
“Esta teoria pretende explicar fenômenos paranormais como a clarividência, a telepatia e a mediunidade”.

         Todas as afirmações feitas sob égide da ciência devem se mostrar dignas desta proteção. Como demonstrar as capacidades transcendentais de uma glândula? Como medir a frequência de ressonância dos cristais de apatita desta glândula? Qual a amplitude destas freqüências? Como demonstrar que são ondas eletromagnéticas os pensamentos de um espírito?

         Afirmar tais hipóteses e tentar justificá-las com termos científicos inadequadamente utilizados é uma afronta aos verdadeiros cientistas e serve apenas para afastá-los de qualquer estudo sério que por ventura se vier a fazer.

E quanto a André Luiz?...

Rubáiyat de Omar Khayyam II

Rubáiyát 1


Ó Allah, 
incerto, vacilante, 
sem rumo,
inteiramente desorientado, não consigo provar
a realidade do Teu ser.


Profundas meditações,
trabalhosas lucubrações
são simples devaneios,
pesquisas no vácuo
em busca da tua existência,
que não consigo vislumbrar.


Em sã consciência, 
não posso compreender
de que modo Tu existes,
embora muita gente
consagre e descreva
os mais fantasiosos predicados
que Te resolveram emprestar.


A conclusão de tudo isso
é que ninguém Te poderá conhecer
-com exceção de Ti mesmo.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A Pineal e a Mediunidade II

A Pineal e a Mediunidade II

Dando prosseguimento ao post anterior, onde comentávamos a página http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndula_pineal, item “A pineal na filosofia e misticismo”, depois de nos depararmos com a proposição de René Descartes, de ser a pineal a sede da alma,  doutrinariamente equivocada como já demonstrado, veremos agora novo estranhamento:

“Além de Descartes, um escritor inglês com o pseudônimo de Lobsang Rampa, entre outros, dedicaram-se ao estudo deste órgão.”

         Há muito que não nos deparavamos com este escritor, foi nossa leitura na adolescência junto com outros esotéricos. Clicando no hyperlink http://pt.wikipedia.org/wiki/Lobsang_Rampa temos:

“Lobsang Rampa, (1910-1981) era o pseudônimo de Cyril Hoskins, escritor que alegava ter sido um Lama Tibetano; com 20 livros publicados. No seu livro chamado A Terceira Visão, apresenta uma capa com um olho no centro da testa. Muitas polêmicas cercam o autor.Viveu a maior parte da sua vida no Tibete, onde adquiriu conhecimento suficiente para poder transmitir aos futuros leitres. Suas obras relatam toda a sua trajetória de vida, tudo é revelado pela "Transmigração" (a alma de um Lama se apossara do seu corpo físico, quando adulto, tomando a sua individualidade). Este foi o caso de Cyril Henry Hoskins e após a Transmigração, Sacerdote Lama Tibetano, chamado T. Lobsang Rampa. Seus livros popularizaram assuntos relacionados ao Lamaísmo Tibetano, viagem astral e o poder da mente….”

“O Médico de Lhasa (Doctor from Lhasa, 1959)
No livro, o autor afirmava ter nascido em Lhasa, capital do Tibete, onde recebeu o preparo para tornar-se sacerdote-cirurgião, sob as bênçãos do XIII Dalai Lama. Ainda jovem, sofreu uma operação especial para a abertura do seu "terceiro olho", que lhe deu poderes de clarividência. Anos mais tarde, após uma série de livros publicados, estudantes tibetanos da Inglaterra divulgaram a "descoberta" da verdadeira identidade de Rampa: Cyril Henry Hoskins, um pesquisador das ciências ocultas nascido em Devon, na Inglaterra. Questionado, Cyril declarou que seu corpo fora tomado pelo espírito de Rampa e que todas as informações contidas eram absolutamente verdadeiras. Polêmicas à parte, é evidente o conhecimento que o autor demonstra sobre os temas abordados em suas obras. Em "O Médico de Lhasa", continuação de sua autobiografia, Lobsang Rampa narra sua fantástica aprendizagem na arte de curar, suas experiências e descobertas na China ocidental e suas aventuras na Segunda Guerra Mundial, quando caiu nas mãos dos japoneses e conseguiu sobreviver às torturas afligidas por seus inimigos.”

“Minha Vida com o Lama (Living with the Lama, 1964)
Uma parte da biografia de Rampa, narrada por sua gata de estimação, com a qual ele dizia poder comunicar-se.”

         Corpo tomado pela alma de um lama?
         Operação especial para a abertura do terceiro olho?
         Poderia se comunicar com sua gata?

         Não perderemos tempo em comentar esses absurdos doutrinários, qualquer referência à pineal feita nestes livros de Lobsang Rampa será muito duvidosa e um exercício imenso em se separar o joio do trigo, já temos muito com o que nos preocupar...

         Notamos com esta leitura da wikipédia, tão utilizada ferramenta para termos um primeiro contato com os mais variados assuntos, que a pineal está cercada de idéias místicas e de velhos conceitos filosóficos, vejamos como a doutrina espírita é abordada...

sábado, 13 de novembro de 2010

A Pineal e a Mediunidade I

Ao utilizarmos o site de pesquisa “Google” para nos informarmos a respeito da “pineal”, encontramos como primeiro resultado a página: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gl%C3%A2ndula_pineal, e se a acessássemos, nos depararíamos com o item: “A pineal na filosofia e misticismo”, neste item, de imediato veríamos a referência a uma proposição do filósofo RENÉ DESCARTES que defende a idéia de que seria a pineal a sede da alma, afirmação totalmente contraditória em relação à doutrina espírita, como podemos comprovar na questão 146 de “O Livro dos Espíritos”:

146. A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita?
“Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a Humanidade.”
a) — Que se deve pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?
“Quer isso dizer que o Espírito habita de preferência essa parte do vosso organismo, por ser aí o ponto de convergência de todas as sensações. Os que a situam no que consideram o centro da vitalidade, esses a confundem com o fluido ou princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma se encontra especialmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.”

         Ainda mais preciso foi, ao nosso ver, o dr. Iso Jorge em artigo publicado em http://www.espirito.org.br/portal/artigos/iso-jorge/da-glandula-pineal.html, destacamos deste artigo o parágrafo seguinte:

O filósofo RENÉ DESCARTES, este sim, defendeu a tese de que na pineal estaria a sede da alma... Nos últimos dos seus trabalhos publicados durante sua vida, saiu a lume, em novembro de 1649, poucos meses antes de sua morte (cf. IVAN LINS. DESCARTES – Época, vida e Obra. Liv. São José Edit., 2 ed., Rio de Janeiro – GB, 1964, p. 340). Esta última obra foi intitulada Tratado das Paixões da Alma. Aqui e numa carta a MEYSSONIER, médico de Lyon, disse DESCARTES sobre a pineal:

“A razão que me leva a crer seja essa glândula a sede da alma é não encontrar, em todo o cérebro, nenhuma outra parte que não seja dupla [grifos nossos]. Ora, não vendo senão uma única cousa com os dois olhos, não ouvindo senão um mesmo som com os dois ouvidos, e, enfim, não tendo nunca senão um pensamento ao mesmo tempo, é absolutamente necessário que as impressões, que nos chegam através dos olhos, dos ouvidos, etc., se unam em alguma parte do corpo para serem aí consideradas pela alma.”

E o grande filósofo conclui a sua argumentação:

“Ora, não podemos encontrar nenhuma outra nestas condições, em toda a cabeça, senão a glândula pineal, que se acha, além do mais na situação mais adequada para esse fim, isto é, no meio, entre todas as concavidades, sustentada e cercada por pequenas ramificações das carótidas, que trazem os espíritos (a) ao cérebro”.

(a)- Os espíritos, na concepção de DESCARTES, eram as partes mais sutis e voláteis do sangue (cf. op. cit., p. 341).
Enfim, as idéias de RENÉ DESCARTES, apesar de arrojadas para o seu tempo, baseadas anatomicamente, demonstram que o grande sábio errou redondamente, pois sabemos hoje que a glândula pineal não é a única que não é dupla, pois também a HIPÓFISE também é ímpar,única, no centro do cérebro... A propósito, disse JULES SOURY sobre DESCARTES neste particular:
“Tal sábio pode ter errado, tanto quanto Aristóteles, no atinente à sede da alma. Fez, contudo mais, a propósito da teoria das sensações, das paixões e da inteligência, do que os mais exatos anatomistas e os fisiologistas de qualquer tempo.” (cf. op. cit., p. 340).
Portanto, prezados confrades, a tese dos filósofos citados quanto à localização da sede da alma não têm nenhuma sustentação na realidade anatômica nem fisiológica, erraram os filósofos neste particular... (Da Glândula Pineal à Sensibilidade Espiritual (II) Iso Jorge Teixeira, http://www.espirito.org.br/portal/artigos/iso-jorge/da-glandula-pineal.html)

Como podemos ver a pineal como sede da alma já é um mau começo, proposição muito difundida e doutrinariamente incorreta, mas infelizmente o equívoco pode ser ainda maior, como veremos...

 



sábado, 6 de novembro de 2010

Afinal, mediunidade é faculdade orgânica ou espiritual? Conclusão.

Acreditamos que agora temos o suficiente para respondermos à pergunta título do primeiro post: Afinal, mediunidade é faculdade orgânica ou espiritual?
Do artigo Sentido Espiritual, apresentado no post anterior, e grifando o que nos parece adequado para nossa exposição, extraímos o parágrafo: Em nossa opinião seria erro considerar o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, considerando-se que não passam de dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma e tem por órgão o perispírito, cuja irradiação transporta a percepção além dos limites da ação dos sentidos materiais. A bem dizer é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual.

Assim exposto é inequívoca a conclusão: A mediunidade é uma faculdade espiritual (alma) e seu órgão é o perispírito.

Ainda mais, todos os homens a possuem como apresentado por Kardec no artigo em questão.

Por ter como órgão o perispírito, o diagnóstico da mediunidade não é possível pela análise da ciência humana, que ainda não possui condições tecnológicas para pesquisar o corpo fluídico (perispírito), e nem descobrir a sua fisiologia.

Desta maneira nos é despertada a curiosidade sobre a influência do organismo material sobre as faculdades. podemos encontrar em Kardec maiores elucidações. Lembramos O Livro dos Espíritos, pergunta 368 e 369:

368. Após sua união com o corpo, exerce o Espírito, com liberdade plena, suas faculdades?
“O exercício das faculdades depende dos órgãos que lhes servem de instrumento. A grosseria da matéria as enfraquece.”
a) — Assim, o invólucro material é obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito, como um vidro opaco o é à livre irradiação da luz?
“É, como vidro muito opaco.”
Pode-se comparar a ação que a matéria grosseira exerce sobre o Espírito à de um charco lodoso sobre um corpo nele mergulhado, ao qual tira a liberdade dos movimentos.


369. O livre exercício das faculdades da alma está subordinado ao desenvolvimento dos órgãos?
“Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma, manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos órgãos, como a excelência de um trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.”
        
370. Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?
 “Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”
a) — Dever-se-á deduzir daí que a diversidade das aptidões entre os homens deriva unicamente do estado do Espírito?
“O termo — unicamente — não exprime com toda a exatidão o que ocorre. O princípio dessa diversidade reside nas qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos adiantado. Cumpre, porém, se leve em conta a influência da matéria, que mais ou menos lhe cerceia o exercício de suas faculdades.”

Encarnando, traz o Espírito certas predisposições e, se se admitir que a cada uma corresponda no cérebro um órgão, o desenvolvimento desses órgãos será efeito e não causa. Se nos órgãos estivesse o princípio das faculdades, o homem seria máquina sem livre-arbítrio e sem a responsabilidade de seus atos.
Forçoso então fora admitir-se que os maiores gênios, os sábios, os poetas, os artistas, só o são porque o acaso lhes deu órgãos especiais, donde se seguiria que, sem esses órgãos, não teriam sido gênios e que, assim, o maior dos imbecis houvera podido ser um Newton, um Vergílio, ou um Rafael, desde que de certos órgãos se achassem providos. Ainda mais absurda se mostra semelhante hipótese, se a aplicarmos às qualidades morais. Efetivamente, segundo esse sistema, um Vicente de Paulo, se a Natureza o dotara de tal ou tal órgão, teria podido ser um celerado e o maior dos celerados não precisaria senão de um certo órgão para ser um Vicente de Paulo. Admita-se, ao contrário, que os órgãos especiais, dado existam, são conseqüentes, que se desenvolvem por efeito do exercício da faculdade, como os músculos por efeito do movimento, e a nenhuma conclusão irracional se chegará. Sirvamo-nos de uma comparação, trivial à força de ser verdadeira. Por alguns sinais fisionômicos se reconhece que um homem tem o vício da embriaguez. Serão esses sinais que fazem dele um ébrio, ou será a ebriedade que nele imprime aqueles sinais? Pode dizer-se que os órgãos recebem o cunho das faculdades.

Vejamos agora a afirmação de André Luiz:
“No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.” (Missionários da Luz, capítulo I, O psicógrafo.)

Haverá uma contradição entre Kardec e André Luiz? Veremos que não...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

V Afinal, mediunidade é faculdade orgânica ou faculdade espiritual?

Continuação de: O Sentido Espiritual,publicado por Kardec na Revista Espírita, junho de 1867, como resposta a carta do correspondente doutor Gregóry:


 A vista espiritual, vulgarmente chamada dupla vista ou segunda vista, é um fenômeno menos raro do que se pensa; muitas pessoas têm esta faculdade sem o suspeitar; apenas é mais ou menos acentuada, e é fácil certificar-se de que ela é estranha aos órgãos da visão, pois que se exerce sem o auxílio desses órgãos e até os cegos a possuem. Existe em certas pessoas no mais perfeito estado normal, sem o menor traço aparente de sono nem de estado estático. Conhecemos em Paris uma senhora na qual ela é permanente, e tão natural quanto a vista ordinária; ela vê sem esforço e sem concentração o caráter, os hábitos, os antecedentes de quem quer que dela se aproxime; descreve as doenças e prescreve tratamentos eficazes com mais facilidade que muitos sonâmbulos ordinários; basta pensar numa pessoa ausente para que a veja e a designe. Um dia estávamos em sua casa e vimos passar na rua alguém com quem temos relações, e que ela jamais tinha visto.
Sem ser provocada por qualquer pergunta, fez-lhe o mais exato retrato moral e nos deu a seu respeito conselhos muito sensatos.E, contudo, essa senhora não é sonâmbula. Fala do que vê, como falaria de qualquer outra coisa, sem se desviar de suas ocupações. É médium? Ela mesma não sabe, porque até pouco
tempo atrás nem mesmo conhecia de nome o Espiritismo. Assim, nela essa faculdade é tão natural e tão espontânea quanto possível.
Como ela percebe, senão pelo sentido espiritual?
Devemos acrescentar que essa senhora tem fé nos sinais da mão, examinando-a quando a interrogam e dizendo aí ver o indício das doenças. Como vê certo e é evidente que muitas das coisas que diz não podem ter nenhuma relação fisiológica com a mão, estamos persuadidos de que para ela é simplesmente um meio de se pôr em relação e desenvolver sua vista, fixando-a num ponto determinado; a mão faz o papel de espelho mágico ou psíquico; ela aí  vê como outros vêem num vaso, numa garrafa ou noutro objeto.
Sua faculdade tem muita relação com a do Vidente da floresta de Zimmerwald, mas lhe é superior em certos aspectos. Aliás, como não tira disto nenhum proveito, esta consideração afasta toda suspeita de charlatanismo e, considerando-se que dela só se serve para prestar serviço, deve ser assistida por Espíritos bons. (Vide a Revista de outubro de 1864: O sexto sentido e a visão espiritual; outubro de 1865: Novos estudos sobre os espelhos psíquicos. O vidente da floresta de Zimmerwald ).