quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O passe, um estudo I

         O autor Herculano Pires sempre foi um polemista, defensor incansável de suas idéias e não poupou nem mesmo seus amigos de críticas, lembremos seu livro A pedra e o joio onde procura corrigir o que considerava errôneo no trabalho de Hernani Guimarães Andrade sobre o modelo organizador biológico, sempre com o intuito de preservar a pureza doutrinária do movimento espírita. Foi portanto com muito respeito por seu trabalho, que julgamos digno de nota, e também com muita surpresa que nos deparamos com seu livreto Obsessão o passe a doutrinação, pois como sempre, não foi econômico na dureza da crítica, devemos, pois, estudá-lo com o rigor que lhe é devido. Vejamos...

O passe
Suas origens, aplicações e efeitos
O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer.

Desde as origens da vida humana na Terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanhados de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo a mistura de saliva e terra para aplicação no doente (resíduo do rito do barro). No próprio Evangelho vemos a descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas influência de costumes religiosos da época. Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo. Essas incoerências históricas, como advertiu Kardec, não podem provir dele, mas dos evangelistas. Caso contrário Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.

O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado já há muito superado. Os Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações. (obsessão o passe a doutrinação J. Herculano Pires).

Como podemos ver, teremos muito trabalho! (continua...)

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Rubáiyat de Omar Khayyam IV

Lâmpadas que se apagam,
esperanças que se acendem:
Aurora.
Lâmpadas que se acendem,
esperanças que se apagam:
Noite.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A pineal e a mediunidade VII

André Luiz, em Missionários da Luz (caps. I e  II) faz várias afirmações sob a pineal. Mas se fizermos uma leitura destas afirmações  sob uma ótica orgânica, como antes era afirmado, não fazem o menor sentido. No entanto, se lermos sob a ótica de Kardec, isto é, a mediunidade é uma faculdade espiritual e tem como órgão responsável o perispírito, passam a  ser entendidas em sua plenitude. Analisemos:
        
1– “O que representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos”.

     Se a glândula pineal citada acima fosse a do corpo físico teria se originado juntamente com o organismo, e assim:
Como se reajustaria ao corpo se nunca saiu dele? 

Para se reajustar ao organismo deveria ter-se ajustado antes! Ou seja, deveria ter existência anterior à do corpo físico atual!

Mas se for a glândula pineal do corpo espiritual (perispírito), seria anterior e modelaria a glândula do corpo físico, portanto se reajustando a ele!
  
Vejamos o prefácio de Emanuel em “Missionários da Luz”:

“É por este motivo, leitor amigo, que André Luiz vem, uma vez mais, ao teu encontro, para dizer-te algo do serviço divino dos "Missionários da Luz", esclarecendo, ainda, que o homem é um Espírito Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre, que o perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela consciência encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e aprendendo, aperfeiçoando-se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou”.

Como pudemos ver “o perispírito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que se amoldam às células materiais” aliás afirmação concordante com os ensinos de Kardec:

39. O Espiritismo experimental estudou as propriedades dos fluidos espirituais e a ação deles sobre a matéria. Demonstrou a existência do perispírito, suspeitado desde a antigüidade e designado por S. Paulo sob o nome de corpo espiritual, isto é, corpo fluídico da alma, depois da destruição do corpo tangível. Sabe-se hoje que esse invólucro é inseparável da alma, forma um dos elementos constitutivos do ser humano, é o veículo da transmissão do pensamento e, durante a vida do corpo, serve de laço entre o Espírito e a matéria. O perispírito representa importantíssimo papel no organismo e numa multidão de afecções, que se ligam à fisiologia, assim como à psicologia.
40. O estudo das propriedades do perispírito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então, por falta de conhecimento da lei que os rege — fenômenos negados pelo materialismo, por se prenderem à espiritualidade, e qualificados como milagres ou sortilégios por outras crenças. Tais são, entre muitos, os fenômenos da vista dupla, da visão a distância, do sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psíquicos da catalepsia e da letargia, da presciência, dos pressentimentos, das aparições, das transfigurações, da transmissão do pensamento, da fascinação, das curas instantâneas, das obsessões e possessões, etc. Demonstrando que esses fenômenos repousam em leis naturais, como os fenômenos elétricos, e em que condições normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições. Se faz se creia na possibilidade de certas coisas consideradas por alguns como quiméricas, também impede que se creia em muitas outras, das quais ele demonstra a impossibilidade e a irracionalidade.(A Gênese; cap.1 Caráter da revelação espírita).
  
2– “Ela preside aos fenômenos nervosos da  emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata, de certo modo, os laços divinos da Natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas, pelo aprimoramento d alma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras, de que a criatura se acha investida”.

     Mais uma referência à natureza perispiritual !
É literal a afirmação: “Ela preside aos fenômenos nervosos da  emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo”.
  
3– “Ligada à mente, através de princípios eletromagnéticos do campo vital, que a ciência comum ainda não pode identificar, comanda as forças subconscientes sob a determinação direta da vontade”.
“As redes nervosas constituem-lhe os fios telegráficos para ordens imediatas a todos os departamentos celulares, e sob sua direção efetuam-se os suprimentos de energias psíquicas a todos os armazéns autônomos dos órgãos”.

     Novamente, de acordo com Kardec, esta é uma função do perispírito:

“O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico”.(A Gênese. Cap. XI, Gênese espiritual).
  
4- “Segregando ‘unidades-força’, pode ser comparada a poderosa usina, que deve ser aproveitada e controlada, no serviço de iluminação, refinamento e benefício da personalidade e não relaxada em gasto excessivo do suprimento psíquico, nas emoções de baixa classe.”

“São muito raros ainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservação das energias psíquicas para engrandecimento do Espírito eterno. O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema do aprimoramento interior, não se trata de retificar a sombra da substância e sim a substância em si mesma”.
  
     Como visto acima o sentido pleno dos apontamentos de André Luiz só podem ser alcançados se considerarmos a origem perispiritual da glândula em questão (pineal ou epífise).

     Assim sendo Kardec e André Luiz estão em concordância em suas opiniões, nós é que devemos rever nossas interpretações!

    Muitas das nossas interpretações são pseudo-científicas ou místicas, causando graves consequências para a divulgação da doutrina espírita e para a manutenção de sua pureza doutrinária!










A pineal e a mediunidade VI

De acordo com a postagem anterior, onde deixamos ao leitor a tarefa de encontrar a correção da equívoca interpretação de ser a pineal (epífise) o órgão da mediunidade, devemos ler com muita atenção o destacado trecho, sem nos esquecermos do objetivo do capítulo (capítulo 1, “O psicógrafo”) que é a descrição, sob o ponto de vista espiritual, do fenômeno mediúnico.

André Luiz se encontra sob a orientação do Instrutor Alexandre, que possibilita a André “auxílio magnético” para a observação acurada do que ocorre durante o exercício mediúnico. Relembremos:

“E, ante minha profunda curiosidade científica, o orientador ofereceu-me o auxílio magnético de sua personalidade vigorosa e passei a observar, no corpo do intermediário, grande laboratório de forças vibrantes. Meu poder de apreensão visual superara os raios X, com características muito mais aperfeiçoadas”.

A observação de André Luiz se fixa nas glândulas, e mais particularmente no cérebro do médium. Vejamos:

“As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular.”

Mas a observação se refere ao que nós encarnados não podemos perceber, André Luiz reporta a atividade e a dinâmica de “energias” e de “luzes” recônditas e “imponderáveis”. Confirmemos:

Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos”.

Neste momento é que o Instrutor Alexandre toma a palavra para as explicações necessárias:

“- Observação perfeita? - indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. - Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana - continuou -, demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático... Requer muita compreensão, oportunidade e consciência”.

Passa a dar explicações sobre o que é necessário para que o médium possa desempenhar a tarefa a contento:

“- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante”. “Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa”.

         E, finalmente, nos dá a saída para o  entendimento completo da questão:
         André Luiz tem opinião contrária a de Kardec ao afirmar que a pineal (epífise) é o órgão da mediunidade, sendo que o codificador da doutrina espírita afirma ser o perispírito o órgão da mediunidade? Vejamos:


“Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica”.

Aí está! Durante todo o tempo André Luiz e Alexandre estavam descrevendo o funcionamento do corpo perispiritual, portanto, sem nenhuma discrepância da opinião de Allan Kardec! Todo o texto agora faz sentido e pode ser entendido de maneira clara. Mais além, no mesmo capítulo temos ainda:


“Nesse instante, vi que o médium parecia quase desencarnado. Suas expressões grosseiras, de carne, haviam desaparecido ao meu olhar, tamanha a intensidade da luz que o cercava, oriunda de seus centros perispirituais”.

“Após longo intervalo, Alexandre continuou”:
“- Sob nossa apreciação, não temos o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas, mas outra expressão mais significativa do homem imortal, filho do Deus Eterno. Repare, nesta anatomia nova, a glória de cada unidade minúscula do corpo. Cada célula é um motor elétrico que necessita de combustível para funcionar, viver e servir”.

Tão claro como água pura! Eles (André Luiz e Alexandre) apreciam, observam, não “o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas”, mas sim o perispírito em plena atividade!

Agora podemos entender as observações feitas sobre a pineal, relembremos...


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A pineal e a mediunidade V

Como podemos ver, as inúmeras citações que encontramos de André Luiz, sempre nos remetem á importância crucial da pineal (epífise), no fenômeno mediúnico, afirmando inclusive ser na  glândula a  residência da faculdade mediúnica, portanto, contradizendo Kardec, que, voltamos a afirmar, a localiza no perispírito.

André Luiz ainda se refere à luz emanante da glândula, fato que só pode ser observado pela clarividência (ou vidência mediúnica), sendo impossível, ao menos por enquanto, comprovação científica, vale a pena lermos a opinião do Dr. Núbor Facure à respeito:

“Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrarmos suas trocas metabólicas, identificamos as secreções dos humores e a transmissão dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes e como atuam, são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica. Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda extensão desse fenômeno que chamamos de “psicofísico de natureza espiritual”. Pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é muito mais ampla e significativa do que nossa anatomia pode registrar.” (“Fenômenos Psico-Físicos de Natureza Espiritual” in Portal TERRA ESPIRITUAL em 26/06/205).

Ainda podemos encontrar em “Do Sistema Nervoso à Mediunidade”, do Dr. Ary Lex, uma importante observação:

“ Citarei alguns desses ensinos, embora pessoalmente não os aceite: a pineal é a glândula da vida espiritual. Controla o campo emotivo e é importante na experiência sexual. Regula a evolução sexual. Começa a funcionar na puberdade, aos 14 anos, mais ou menos. Reabre o mundo das sensações e das emoções. O adolescente muda a personalidade, pois reabre a pineal e vem a carga emocional das vidas passadas. Segrega hormônios psíquicos ou unidades força. É a glândula superior, que comanda todas as outras. Comanda as forças sub-conscientes, sob a ação da vontade.”
         “Não concordamos com essas afirmações, porque a maioria delas, embora atraentes, não oferece qualquer possibilidade de prova científica. O próprio conceito de hormônio psíquico é contraditório. Hormônio é algo material, isolado quimicamente, que se pode pesar, dosar e administrar em quantidades palpáveis. As coisas do campo psíquico não têm existência material. Falar em hormônio psíquico é uma liberalidade de conceituação não-aconselhável”.

         Como podemos ver a opinião de cientistas sérios como os citados acima nos fazem pensar se André Luiz estaria de fato correto em suas afirmações.

         O problema é que nós não fizemos uma correta leitura de André Luiz! Se retornarmos ao livro “Missionários da Luz”, no capítulo 1, “O psicógrafo”, encontraremos a resposta de tamanha confusão:

- Observe. Estamos diante do psicógrafo comum. Antes do trabalho a que se submete, neste momento, nossos auxiliares já lhe prepararam as possibilidades para que não se lhe perturbe a saúde física. A transmissão da mensagem não será simplesmente «tomar a mão». Há processos intrincados, complexos”.

“E, ante minha profunda curiosidade científica, o orientador ofereceu-me o auxílio magnético de sua personalidade vigorosa e passei a observar, no corpo do intermediário, grande laboratório de forças vibrantes. Meu poder de apreensão visual superara os raios X, com características muito mais aperfeiçoadas. As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular. Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos”.

“- Observação perfeita? - indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. - Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana - continuou -, demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático...”
“Requer muita compreensão, oportunidade e consciência.”
“Estava admirado.”
“- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado
receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante”.

“Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa. Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica. No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária.”

         Conseguiram perceber o equívoco?...

Rubáiyat de Omar Khayyam III

Ó cosmos,
não me agrada
essa tua rotação.
Giras, giras, 
vives girando 
e nada te faz sair dessa órbita rotineira.


Peço-te, 
liberta-me de uma vez, 
anseio pela liberdade,
salva-me da tirania!


Nada fiz
para viver submetido aos hipócritas,
sujeito
aos empresários de fantasmas.


Se proteges os degenerados,
se acolhes os que espezinham a virtude,
os exploradores da credulidade alheia, confesso-te:
longe estou eu de ser
um paradigma de equilíbrio e de juízo...

A pineal e a mediunidade IV

Como vimos anteriormente, Kardec afirma:

“Em nossa opinião seria erro considerar o sonambulismo e a mediunidade como o produto de dois sentidos diferentes, considerando-se que não passam de dois efeitos resultantes de uma mesma causa. Essa dupla faculdade é um dos atributos da alma e tem por órgão o perispírito, cuja irradiação transporta a percepção além dos limites da ação dos sentidos materiais. A bem dizer é o sexto sentido, que é designado sob o nome de sentido espiritual”. (O sentido espiritual, Revista Espírita, junho de 1867).

         Sendo assim como entenderemos as afirmações, que André Luiz faz sobre a pineal (epífise) em “Missionários da Luz”? Onde o autor afirma :

“No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a epífise desempenha o papel mais importante. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera. É nela, na epífise, que reside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioria deles, a potência divina dorme embrionária”. (Missionários da Luz, cap. I “O psicógrafo”, pág 8).

         Mais uma contradição?

         E não é só, vejamos:

“Enquanto o nosso companheiro se aproveitava da organização mediúnica, vali-me das forças magnéticas que o instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium. Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber. A glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e, em derredor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“Sobre o núcleo, semelhante agora à flor resplandecente, caía luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo vibrações delicadíssimas, imperceptíveis para mim. Estudara a função da epífise nos meus apagados serviços de médico terrestre. Segundo os orientadores clássicos, circunscreviam-se suas atribuições ao controle sexual no período infantil. Não passava de velador dos instintos, até que as rodas da experiência sexual pudessem deslizar com regularidade, pelos caminhos da vida humana. Depois, decrescia em força, relaxava-se, quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no campo da energia plena. Minhas observações, ali, entretanto, contrastavam com as definições dos círculos oficiais”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

- Não se trata de órgão morto, segundo velhas suposições - prosseguiu ele. - É a glândula da vida mental. Ela acorda no organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. O neurologista comum não a conhece bem. O psiquiatra devassar-lhe-á, mais tarde, os segredos. Os psicólogos vulgares ignoram-na. Freud interpretou-lhe o desvio, quando exagerou a influenciação da «libido», no estudo da indisciplina congênita da Humanidade. Enquanto no período do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto, há que retificar observações. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- Deus meu! - exclamei - e as glândulas genitais, onde ficam?
O instrutor sorriu e esclareceu:
- São demasiadamente mecânicas, para guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente controladas pelo potencial magnético de que a epífise é a fonte fundamental. As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. Os cromossomos da bolsa seminal não lhe escapam a influenciação (sic) absoluta e determinada”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- No entanto, não estamos examinando problemas de embriologia. Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epífise, como glândula da vida espiritual do homem”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.10).

“- Compreende, agora, as funções da epífise no crescimento mental do homem e no enriquecimento dos valores da alma? - indagou-me o orientador”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.12).

“- De acordo com as nossas observações, a função da epífise na vida mental é muito importante”. (Missionários da Luz, cap. II, “A epífise”, pág.12).

Como podemos notar temos algumas observações de fato intrigantes:
1-     É nela, na epífise, que reside o sentido novo (mediunidade) dos homens.
2-     Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz crescente que a epífise deixava perceber.
3-     Minhas observações, ali, entretanto, contrastavam com as definições dos círculos oficiais.
4-     É a glândula da vida mental.
5-     As glândulas genitais segregam os hormônios do sexo, mas a glândula pineal, se me posso exprimir assim, segrega «hormônios psíquicos» ou «unidades-força» que vão atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras.
6-     Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epífise, como glândula da vida espiritual do homem.
7-     A função da epífise na vida mental é muito importante.

Seria possível estabelecermos concordância entre André Luiz e Allan Kardec?

Veremos que sim...