quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O passe, um estudo I

         O autor Herculano Pires sempre foi um polemista, defensor incansável de suas idéias e não poupou nem mesmo seus amigos de críticas, lembremos seu livro A pedra e o joio onde procura corrigir o que considerava errôneo no trabalho de Hernani Guimarães Andrade sobre o modelo organizador biológico, sempre com o intuito de preservar a pureza doutrinária do movimento espírita. Foi portanto com muito respeito por seu trabalho, que julgamos digno de nota, e também com muita surpresa que nos deparamos com seu livreto Obsessão o passe a doutrinação, pois como sempre, não foi econômico na dureza da crítica, devemos, pois, estudá-lo com o rigor que lhe é devido. Vejamos...

O passe
Suas origens, aplicações e efeitos
O passe espírita é simplesmente a imposição das mãos, usada e ensinada por Jesus como se vê nos Evangelhos. Origina-se das práticas de cura do Cristianismo primitivo. Sua fonte humana e divina são as mãos de Jesus. Mas há um passado histórico que não podemos esquecer.

Desde as origens da vida humana na Terra encontramos os ritos de aplicação dos passes, não raro acompanhados de rituais, como sopro, a fricção das mãos, a aplicação de saliva e até mesmo a mistura de saliva e terra para aplicação no doente (resíduo do rito do barro). No próprio Evangelho vemos a descrição da cura de um cego por Jesus usando essa mistura. Mas Jesus agiu sempre, em seus atos e em suas práticas, de maneira que essas descrições, feitas quarenta e oitenta anos após a sua morte, podem ser apenas influência de costumes religiosos da época. Todo o seu ensino visava afastar os homens das superstições vigentes no tempo. Essas incoerências históricas, como advertiu Kardec, não podem provir dele, mas dos evangelistas. Caso contrário Jesus teria procedido de maneira incoerente no tocante aos seus ensinos e seus exemplos, o que seria absurdo.

O passe espírita não comporta as encenações e gesticulações em que hoje o envolveram alguns teóricos improvisados, geralmente ligados a antigas correntes espiritualistas de origem mágica ou feiticista. Todo o poder e toda a eficácia do passe espírita dependem do espírito e não da matéria, da assistência espiritual do médium passista e não dele mesmo. Os passes padronizados e classificados derivam de teorias e práticas mesméricas, magnéticas e hipnóticas de um passado já há muito superado. Os Espíritos realmente elevados não aprovam nem ensinam essas coisas, mas a prece e a imposição das mãos. Toda a beleza espiritual do passe espírita, que provém da fé racional no poder espiritual, desaparece ante as ginásticas pretensiosas e ridículas gesticulações. (obsessão o passe a doutrinação J. Herculano Pires).

Como podemos ver, teremos muito trabalho! (continua...)

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