De acordo com a postagem anterior, onde deixamos ao leitor a tarefa de encontrar a correção da equívoca interpretação de ser a pineal (epífise) o órgão da mediunidade, devemos ler com muita atenção o destacado trecho, sem nos esquecermos do objetivo do capítulo (capítulo 1, “O psicógrafo”) que é a descrição, sob o ponto de vista espiritual, do fenômeno mediúnico.
André Luiz se encontra sob a orientação do Instrutor Alexandre, que possibilita a André “auxílio magnético” para a observação acurada do que ocorre durante o exercício mediúnico. Relembremos:
“E, ante minha profunda curiosidade científica, o orientador ofereceu-me o auxílio magnético de sua personalidade vigorosa e passei a observar, no corpo do intermediário, grande laboratório de forças vibrantes. Meu poder de apreensão visual superara os raios X, com características muito mais aperfeiçoadas”.
A observação de André Luiz se fixa nas glândulas, e mais particularmente no cérebro do médium. Vejamos:
“As glândulas do rapaz transformaram-se em núcleos luminosos, à guisa de perfeitas oficinas elétricas. Detive-me, porém, na contemplação do cérebro, em particular.”
Mas a observação se refere ao que nós encarnados não podemos perceber, André Luiz reporta a atividade e a dinâmica de “energias” e de “luzes” recônditas e “imponderáveis”. Confirmemos:
“Os condutores medulares formavam extenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa de uma vela de enormes proporções. Os centros metabólicos infundiam-me surpresas. O cérebro mostrava fulgurações nos desenhos caprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinâmicas. As células corticais e as fibras nervosas, com suas tênues ramificações, constituíam elementos delicadíssimos de condução das energias recônditas e imponderáveis. Nesse concerto, sob a luz mental indefinível, a epífise emitia raios azulados e intensos”.
Neste momento é que o Instrutor Alexandre toma a palavra para as explicações necessárias:
“- Observação perfeita? - indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. - Transmitir mensagens de uma esfera para outra, no serviço de edificação humana - continuou -, demanda esforço, boa vontade, cooperação e propósito consistente. É natural que o treinamento e a colaboração espontânea do médium facilitem o trabalho; entretanto, de qualquer modo, o serviço não é automático... Requer muita compreensão, oportunidade e consciência”.
Passa a dar explicações sobre o que é necessário para que o médium possa desempenhar a tarefa a contento:
“- Acredita que o intermediário - perguntou - possa improvisar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparação espiritual deve ser incessante”. “Qualquer incidente pode perturbar-lhe o aparelhamento sensível, como a pedrada que interrompe o trabalho da válvula receptora. Além disso, a nossa cooperação magnética é fundamental para a execução da tarefa”.
E, finalmente, nos dá a saída para o entendimento completo da questão:
André Luiz tem opinião contrária a de Kardec ao afirmar que a pineal (epífise) é o órgão da mediunidade, sendo que o codificador da doutrina espírita afirma ser o perispírito o órgão da mediunidade? Vejamos:
“Examine atentamente. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Pode reconhecer, agora, que todo centro glandular é uma potência elétrica”.
Aí está! Durante todo o tempo André Luiz e Alexandre estavam descrevendo o funcionamento do corpo perispiritual, portanto, sem nenhuma discrepância da opinião de Allan Kardec! Todo o texto agora faz sentido e pode ser entendido de maneira clara. Mais além, no mesmo capítulo temos ainda:
“Nesse instante, vi que o médium parecia quase desencarnado. Suas expressões grosseiras, de carne, haviam desaparecido ao meu olhar, tamanha a intensidade da luz que o cercava, oriunda de seus centros perispirituais”.
“Após longo intervalo, Alexandre continuou”:
“- Sob nossa apreciação, não temos o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas, mas outra expressão mais significativa do homem imortal, filho do Deus Eterno. Repare, nesta anatomia nova, a glória de cada unidade minúscula do corpo. Cada célula é um motor elétrico que necessita de combustível para funcionar, viver e servir”.
Tão claro como água pura! Eles (André Luiz e Alexandre) apreciam, observam, não “o arcabouço de cal, revestido de carboidratos e proteínas”, mas sim o perispírito em plena atividade!
Agora podemos entender as observações feitas sobre a pineal, relembremos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário